Liliana Martinho

- No meio de Tantos desportos porquê o hóquei?

O hóquei surgiu após muitos anos de patinagem artística e de “alguma” persistência do meu pai que é um fã da modalidade.

- Quando e como começaste?

Comecei a patinar muito cedo, por volta dos 2 anos de idade já dava os primeiros “passos” no pavilhão da ADO (Associação Desportiva de Oeiras) onde comecei por praticar patinagem artística, juntamente com a minha irmã. Por volta dos 14 anos, já a minha irmã tinha começado a jogar hóquei pela Equipa do Oeiras, comecei a interessar-me e experimentei o hóquei, treinando com a equipa da ADO. Inicialmente, não me entusiasmou particularmente mas passado pouco tempo iniciei o meu percurso no hóquei em patins com a camisola do Parede Futebol Clube. No ano seguinte, surgiu o interesse por parte do Hockey Club de Sintra que estava a tentar reforçar a equipa. Nessa altura o H.C.Sintra adquiriu o meu passe, bem como o da minha irmã - Sara Martinho e o da Tânia Matos. O treinador do Parede que era o Prof. Feliciano Matos (pai da Tânia) também se transferiu para a equipa técnica do H.C.S.

- O que recomendas a uma rapariga que queira começar neste desporto?

Recomendo aquilo que penso que é fundamental em tudo na nossa vida, muito trabalho, persistência e alegria. Penso que o que de facto distingue os grandes jogadores, dos restantes, é a paixão com que se entrega à prática da modalidade porque isso reflecte-se no seu trabalho diário e na forma como encara as derrotas e os momentos menos bons, porque os momentos de glória são fáceis de gerir. É preciso ter motivação todos os dias e claro, ser um bom colega de equipa, ter o “tal” espírito de entreajuda.

- Conta-nos, na tua experiência como hoquista , qual é o momento que recordas mais positivo e o mais negativo ?

Felizmente tenho muitos momentos positivos e todos eles foram momentos passados na companhia de colegas, ora de clube, ora de selecção. Momentos passados em estágios, em viagens de autocarro, em jantares ou comemorações de equipa…tantos! Claro que a vitória em alguns jogos é óptima de relembrar… O Europeu em Itália que depois de uma derrota com a equipa da casa, vencemos a Espanha, nossa eterna rival e, conquistámos mais uma medalha para Portugal. Esse é um momento que nunca esquecerei. Tal como, um jogo inserido nas festas da Catalunha, na “catedral” do Hóquei em Patins – o Palau Blaugrana - frente à selecção Catalã, em que marcámos um golo que nos deu a vitória e tivemos que o festejar em silêncio, perante um pavilhão com mais de 7 mil pessoas…foi arrepiante.

- Qual a tua opinião relativa ao hóquei feminino em Portugal?

Penso que à semelhança do hóquei masculino em Portugal, tem vindo a perder qualidade. De uma forma geral e agora mais à distância porque não acompanho tão de perto, o hóquei sempre teve um grande problema, tal como outras modalidades amadoras que é o da falta de patrocínios e falta de projecção/ divulgação. Existem muitas explicações para isso e tenho que concordar com algumas, como sejam, o facto de que não gera receitas e que não é um desporto muito televisivo. Penso que o hóquei feminino sai ainda assim, mais fragilizado e a “discriminação” continua a existir,inclusivamente da própria Federação.

Ainda te lembras quando foste pela primeira vez convocada à selecção? Como te sentiste?

Lembro-me perfeitamente. Fui seleccionada pela primeira vez para o Mundial da Argentina em 98 e recordo-me que recebi a notícia com muita alegria e entusiasmo. Infelizmente não joguei um único minuto no Campeonato, o que não me desanimou porque na altura senti um grande privilégio e tive a oportunidade de trabalhar de forma rigorosa. Considero que apesar de ser muito bom ir à selecção, ter esse reconhecimento, o meu trabalho de todos os dias sempre foi para conseguir bons resultados para o meu clube.

- Na modalidade tens algum jogador/a que consideres como um ídolo?

Nunca tive um ídolo em nenhuma modalidade mas tenho alguns jogadores que admiro, não só pela sua qualidade técnica mas também pela postura dentro do campo. Posso destacar o Pedro Alves e a Vanessa Sólimo.

- O que tens a dizer relativamente á frase muito vezes o utilizada "o hóquei não é para mulheres"?

Tenho apenas a dizer: Selecção Feminina de Hóquei em Patins - Tri-Campeãs da Europa e por duas vezes, Vice-Campeã do Mundo. Penso que se aplicarmos o famoso ditado popular, “para bom entendedor, meia palavra basta”, fica tudo dito!