Teresa Leite

- Quando e como começaste? 

 

Comecei a patinar aos 12 anos na cidade onde cresci, numa equipa chamada União Sport Clube de Paredes. À medida que o tempo foi passando, todas as meninas que, como eu, iniciaram a patinagem para posteriormente integrar uma equipa de hóquei, foram desistindo, até que, só restava eu... Ao longo de 2 anos treinei em Paredes com a equipa masculina e aos 14 anos surgiu um convite para jogar no Lousada Académico Clube. Agarrei a oportunidade e integrei esta jovem e simpática equipa, que muito bem me acolheu. Foi aí que comecei a praticar hóquei em patins como jogadora federada e nesse mesmo ano de 1997 participei no campeonato nacional da modalidade.

- O que recomendas a uma rapariga que queira começar neste desporto?

 

Em primeiro lugar que selecione um bom clube, vocacionado para a formação, com bons técnicos e um bom ambiente. O hóquei em patins é um desporto tecnicamente exigente, pelo que o meu principal conselho seria o de não saltar etapas na evolução como hoquista, nomeadamente não descurar a patinagem, que é um dos elementos essenciais na formação de uma atleta. Depois considero que a persistência, a responsabilidade, a capacidade de trabalho, a alegria e a camaradagem são aspetos fundamentais na conquista do êxito, pelo que devem estar presentes desde o 1º dia!

- Conta-nos, na tua experiência como hóquista, qual é o momento que recordas mais positivo e o mais negativo?

 

É muito difícil para mim eleger um único momento como sendo o mais positivo, já que ao longo da minha carreira felizmente foram vários, mas vou destacar dois. Um deles foi a primeira vez que fui campeã da Europa, em Springe na Alemanha, em 1999. Esse foi o meu ano de estreia na seleção nacional e foi uma sensação fantástica conquistar aquele título. Outro momento que para mim foi muito marcante foi a primeira vez que venci o Campeonato Nacional, na época 2000/01 pelo Centro Desportivo Nortecoope. Tive o privilégio de integrar esta equipa durante 10 anos, treinando diariamente com algumas das melhores jogadoras de hóquei em patins do mundo. Foi uma experiência única, não só por ser recheada de muitas vitórias e alegrias, mas sobretudo pelas muitas amizades que fiz e que se mantêm até hoje.

 

Os momentos menos bons foram também dois e na mesma circunstância. Por duas vezes fui derrotada pela Espanha numa final do campeonato do mundo: na Alemanha no ano 2000 e no Japão em 2008. Apesar do fabuloso segundo lugar, naqueles momentos foi muito difícil aceitar que estivemos tão perto de conquistar um título tão importante e que, apesar de todo o esforço, não conseguimos.

Considero que a realidade atual do hóquei em patins feminino não é a mais risonha. De facto, a extinção de vários clubes e a diminuição do número de praticantes não nos dá bons indicadores do crescimento para esta modalidade. Contudo, continuamos a ter um dos campeonatos nacionais mais disputados do mundo e os campeonatos das camadas jovens têm sido frequentes, o que mostra que esta modalidade ainda "está viva"! Acredito que em breve e com a recuperação económica do país, os clubes terão mais condições para apostar no hóquei em patins feminino, dando à modalidade a visibilidade que tradicionalmente ela merece.

 

- Ainda te lembras quando foste pela primeira vez convocada à selecção? Como te sentiste?

Lembro-me perfeitamente do dia em que fui convocada pela primeira vez para integrar a seleção nacional. Estava no liceu e num dos intervalos fui chamada ao conselho diretivo. Sem perceber muito bem que "asneira" teria feito, lá fui... Quando cheguei fui recebida com uma enorme euforia! A convocatória tinha saído e eu estava nas 10 eleitas! Fiquei incrédula e imensamente feliz! Foi um sonho que se concretizou e que tive oportunidade de celebrar junto dos meus amigos e professores! Foi um momento verdadeiramente inesquecível!