Sandra Silva

No meio de Tantos desportos porquê o hóquei?

O hóquei não foi a minha primeira escolha, na altura jogava futebol e só mais tarde descobri a paixão pelo hóquei.

- Quando e como começaste? (idade, historia....)

Aos 13 anos comecei a patinar com a minha irmã e uma amiga por pura brincadeira. Aprendemos a patinar com os rapazes (infantis), pois o FC Alverca não tinha equipa feminina. De brincadeira tomei-lhe o gosto e treinei durante um ano sempre com os rapazes e sempre sem jogar, pois na altura não se podiam misturar raparigas com rapazes em jogos oficias.

Um ano mais tarde formamos então a 1ª equipa feminina do FC Alverca.

O que recomendas a uma rapariga que queira começar neste desporto?

O que posso dizer é que se realmente gostam desta modalidade têm de estar preparadas para a adversidade, pois apesar de já ter sido alterada muita coisa, ainda continua a ser uma modalidade mais virada para a vertente masculina.

Para além disto, muita dedicação, força de vontade, muita garra e acima de tudo muita humildade.

- Conta-nos, na tua experiência como hóquista, qual é o momento que recordas mais positivo e o mais negativo?

Sou feliz por poder dizer que não tenho um momento mais positivo, mas sim muitos momentos positivos. De qualquer das formas talvez dê destaque ao que mais me marcou como atleta, que foi a primeira representação da Selecção; pois foi também a 1ª  vez que a Selecção alcançou um lugar no pódio num Campeonato do Mundo.

O mais negativo, sem duvida a minha lesão no joelho que me fez estar afastada durante 1 época e meia.

- Qual a tua opinião relativa ao Hóquei Feminino em Portugal? Ainda te lembras quando foste pela primeira vez convocada à selecção? Como te sentiste?

Penso que ainda há muito a trabalhar e a melhorar, como por exemplo apostar cada vez mais na formação. De qualquer das formas, é preciso também dizer que algumas coisas têm sido desenvolvidas, desde o enquadramento das raparigas nos escalões mais jovens, passando pelas selecções a nível das associações e os respectivos torneios que daí advêm. Estou até tentada a dizer que têm trabalhado melhor as Associações do que a nossa Federação que deveria dar o exemplo e puxar a nossa modalidade para o patamar que lhe é merecido.

De qualquer das formas, precisamos de mais mulheres treinadoras, árbitras e dirigentes para continuar a batalhar com as entidades competentes, de maneira a que o hóquei feminino seja encarado e respeitado da mesma forma que o masculino.

Talvez assim consigamos ser ouvidas e consigamos fazer com que o hóquei feminino continue a progredir cada vez mais.

Quanto à Selecção, claro que me lembro, é daquelas coisas que não se esquece... fui chamada em 1996 para o Campeonato do Mundo.  E como não podia deixar de ser foi um motivo de orgulho, mas também uma forma de me fazer trabalhar cada vez mais para poder corresponder de forma positiva a essa chamada.

Na modalidade tens algum jogador/a que consideres como um ídolo?

Claro que sim, penso que todas as atletas devem ter o seu ídolo. Cresci a ver e a admirar o Filipe Santos na defesa, o grandioso Pedro Alves no ataque e mais recentemente o meu amigo Reinaldo Ventura.

- Agora que para além da acção em ringue, também tiveste a coragem de assumir o cargo de treinadora, tendo em conta que já treinaste masculinos embora de idades inferiores, como está a ser a experiência de treinar uma equipa feminina, constituída por mulheres adultas e por futuras mulheres? ;)

Até agora está a ser uma experiência deveras positiva, apesar de não ser fácil conciliar tudo. Claro que tem de haver de ambas as partes uma grande entre ajuda e uma vontade conjunta para que tudo dê certo.

De qualquer das formas é sempre positivo quando vimos o nosso trabalho dar frutos e este ano foi sem dúvida bom nesse aspecto. Ao contrário do que todos esperavam, com as poucas atletas que tínhamos e com todos os contratempos conseguimos estar na luta para passar à fase final do campeonato.

A diferença de idades é por vezes uma mais valia, pois as mais novas têm sempre tendência a querer aprender e trabalhar com as mais velhas o que em certos aspectos facilita.

- O que tens a dizer relativamente à frase muito vezes utilizada " o hóquei não é para mulheres" ?

Penso que não passa de uma frase feita que está a perder o seu significado, pois cada vez mais se vêem atletas com qualidade no feminino.

Palmarés:

F.C.Alverca:

1992/1993

1993/1994

A.A.Amadora:

1994/1995

Vencedora Torneio de Abertura

1995/1996

Vencedora Torneio Abertura

Campeã Nacional

Finalista da Supertaça

Medalha de Bronze no III Campeonato Mundo (Brasil)

A.D.Oeiras:

1996/1997

4º na Final Four da Taça de Portugal

Medalha de Ouro no Campeonato da Europa (S.J.Madeira)

1997/1998

Medalha de Prata no IV Campeonato do Mundo (Argentina)

H.C.Sintra:

1998/1999

1999/2000

Vencedora Torneio Abertura

Campeã Distrital

Campeã Nacional

Vencedora Supertaça

2000/2001

Vencedora Torneio Abertura

Campeã Distrital

2º no Campeonato Nacional

2001/2002

Campeã Distrital

2003/2004

Vencedora Torneio Abertura

G.D.R.Lobinhos:

2004/2005

Vencedora Torneio Abertura

4º no Campeonato Nacional

2005/2006

Vencedora Torneio Abertura

6º no Campeonato Nacional

U.D.C.Nafarros:

2007/2008

Vencedora Torneio Abertura APL

2º no Campeonato Nacional - Zona Sul

7º no Campeonato Nacional - Apuramento Campeão

2008/2009

2º Torneio de Abertura APL

1º  no Campeonato Nacional - Zona Sul

6º no Campeonato Nacional - Apuramento Campeão

2009/2010

2º Torneio de Abertura APL

2º Campeonato Nacional - Zona Sul

4º Campeonato Nacional - Apuramento Campeão