Ana Carapuça
- No meio de Tantos desportos porquê o hóquei?
Por influência do meio familiar (o meu irmão jogava hóquei no Oeiras) e porque a Patinagem Artística já fazia parte da minha formação desportiva.
- Quando e como começaste? (idade, historia....)
Comecei na Associação Desportiva de Oeiras, onde já fazia Patinagem Artística desde 1985. A minha entrada no Hóquei deu-se em 1991, com 14 anos, também na ADO. Na altura, formou-se uma equipa onde quase todas as atletas vinham da patinagem, pelo que o processo de aprendizagem da patinagem adaptada ao hóquei foi fácil e rápida, o que permitiu concentrarmo-nos mais na técnica individual e posteriormente na táctica. O facto de termos muito a provar, deu-nos mais força para conseguirmos ultrapassar todas as barreiras decorrentes de sermos raparigas num desporto de homens.
Felizmente, o hóquei feminino no Sul foi ganhando mais equipas, fruto também dos resultados positivos das primeiras equipas sulistas, o que levou a um grande desenvolvimento da modalidade nessa época e ao aparecimento de jovens talentos com quem tive o prazer de partilhar os ringues.
- O que recomendas a uma rapariga que queira começar neste desporto?
Que escolha um clube que realize uma boa formação desportiva e que sempre ofereça aos seus atletas oportunidades de adquirir ao longo do treino, as mais diversas competências, de ordem física, táctico-técnica e psicológica…para além disso o grupo onde se vai inserir deve proporcionar um bom ambiente…!
- Conta-nos, na tua experiência como hóquista, qual é o momento que recordas mais positivo e o mais negativo?
Penso que o momento mais alto da minha carreira é, sem dúvida a conquista do 1º título de campeã europeia, em S. João da Madeira no ano de 1997 pela 1ª vez na história do desporto nacional, uma equipa feminina ganhava um título internacional num desporto colectivo…e ainda por cima jogando num pavilhão que esteve sempre cheio de fãs que apoiaram a selecção nacional em todos os jogos. O momento mais negativo…recordo apenas algumas lesões que foram acontecendo ao longo da minha carreira e que ás vezes me privaram de continuar a treinar e a jogar e que ainda hoje se fazem sentir. Também a falta de reconhecimento das Entidades Estatais e a notória falta de apoio, quer na conciliação de estudos e/ou trabalho com a alta competição, quer na fase de transição pós alta competição para a vida profissional.
-Qual a tua opinião relativa ao Hóquei Feminino em Portugal?
Hoje existe pouco investimento ao nível dos clubes nas suas equipas femininas, salvo raras e honrosas excepções e o nível qualitativo do jogo tem vindo de decair de ano para ano, fruto, penso eu, da inferior qualidade dos técnicos que treinam as equipas femininas.
Ainda te lembras quando foste pela primeira vez convocada à selecção? Como te sentiste?
Sim, lembro-me perfeitamente e foi com alguma emoção que juntamente com a minha família tomei conhecimento que iria fazer parte da selecção nacional feminina de hóquei em patins! uma honra, sem dúvida…mas ao mesmo tempo uma grande responsabilidade!
- Na modalidade tens algum jogador/a que consideres como um ídolo?
Nunca tive ídolos no Hóquei em Patins, embora reconheça que goste de ver atletas com um nível de execução de excelência…torna o joga mais vistoso e mais bonito!
- O que tens a dizer relativamente á frase muitas vezes utilizada " o hóquei não é para mulheres"?
O Hóquei em Patins Feminino pode…e repito pode, ser um jogo de qualidade, quando as intervenientes conseguem conjugar a entrega ao jogo com níveis de excelência individual ao serviço da equipa muito altos! se assim não for….o jogo torna-se sem…sabor!